Abro os olhos e me encontro deitada naquela mesma sala
escura. Já estive por aqui outras vezes, mas quantas ainda mais? Cena cinzenta,
como aqueles muros por fazer. Sensação áspera, como de barba por fazer. Um medo
gelado, um frio calado. Confusa certeza, certeza incerta.
O mesmo grito ecoa
neste lugar, uma sala particular, onde só nós podemos entrar. Eu e Você.
Preciso... que venhas agora me ajudar. QUEM SOU EU? Pergunta tão ampla,
pergunta que me sufoca enquanto não encontra certa resposta. Quem... Quem?
Quem!? O que e onde? Por que e quando? Pra que, pra quem, pra quando? Pra
ontem. Me diz agora. QUEM?
Como um cordão que se fez os nós quais não consigo
tirar, nós quase sem saída. Como se fizeram estando ali, naquela caixinha,
quietinha? Me desfaz, me refaz, me responde. Que não haja um ponto ao terminar,
três talvez, mas seguindo uma direção. Não óbvia, focada apenas.
Quem sou eu? Que eu seja quem for, que eu seja.